ESTENOSE HIPERTRÓFICA DO PILORO

Local provável para se evidenciar, pela palpação, o Piloro (oliva de 2cm)

Descrito pela primeira vez por um cirurgião chamado Hirschsprubg, em 1888, foi interpretado como uma falha na involução do Piloro.
Na saída do Estômago onde existe uma “válvula” muscular chamada Piloro. Esta válvula apresenta uma hipertrofia (aumento), da espessura de suas paredes, causando uma obstrução da sua luz, impedindo a passagem do conteúdo gástrico para frente. Resumindo: a EHP é um estreitamento da luz do início do Duodeno por hipertrofia do Piloro !

A EHP é uma causa comum de obstrução gástrica do recém-nascido, apresentando umamprevalência de 2-4/1000 nascidos vivos. É menos frequente em negros e asiáticos. É mais frequente em meninos que meninas, 2:1 a 5:1.

Sua causa ainda é desconhecida, mas existem evidências de sua predisposição genética. Muitos autores têm descrito causas anatomopatológicas (histológicas), para explicar a EHP, como alteração da células ganglionares (plexos mioent[ericos), alteração dos níveis de gastrina e ácido clorídrico, mas não está estabelecido se são causa ou um efeito da obstrução causada pela EHP*.

O quadro clínico típico ocorre num bebê entre 3-5 semanas de vida, com história de vômitos, sem resíduos de bile (cor amarelada), cuja freqüência aumenta progressivamente até chegar ao ponto de vomitar tudo o que mama, apresentando até vômitos em jato, fazendo com o que o neonato pare de ganhar peso e até perder peso !

O conteúdo dos vômitos pode apresentar sangue e aspecto de borra de café, pela gastrite e esofagite que causam. Com a evolução do quadro clínico de vômitos, o bebê apresenta desidratação e desequilíbrio eletrolítico, podendo chegar a quadros com infecção mais graves.
No caso de bebês prematuros, os sintomas e sinais descritos acima podem aparecer mais tardiamente, os vômitos não são tão exuberantes nem em jato e o retardo no diagnóstico pode ocorrer com mais freqüência.

Como diagnóstico diferencial estão o piloespasmo e o refluxo gastro-esofágico, que necessitam de mais investigação com recursos de diagnóstico radiológicos. Há outras causas mais raras, mas não abordaremos nesta página.
Além do diagnóstico clínico, com a possibilidade de visualização de ondas peristálticas no quadrante superior direito do bebê, exames laboratoriais também podem ser realiazados como dosagem de cloro, potássio e gasometria.

Clinicamente, a palpação do Piloro (oliva) na região do quadrante superior direito do abdome é importante para ajudar na definição do diagnóstico. Esta palpação é tanto mais fácil quanto mais calmo o bebê se encontra, o que é difícil para uma criança nauseada, com fome, irritada e querendo mamar. Mas, chupeta ou usar pequenas quantidades de dextrose para distrair a criança podem ajudar !

Na prática, a ultrassonografia é o exame mais comum para definir o diagnóstico de EHP, o que depende muito da experiência e paciência do ultrassonografista. O critério mais aceito para o diagnóstico de EHP é encontrar uma parede do piloro com mais de 3 – 4 mm de diâmetro e com mais de 14 – 16 mm de extensão.

Uma radiografia com o uso de contraste baritado pode também ser usado para identificar a dificuldade ou impossibilidade de progressão do meio de contraste para a 2º e 3º porções do Duodeno.

Local provável de se evidenciar pela palpação o Piloro (oliva de 2cm)

Imagem do Piloro exteriorizado e seguropor uma pinça através de uma incisão transversa no quadrante superior direito do abdome; E-estômago e D-duodeno

O tratamento inicia-se com a compensação clínica do bebê, por meio de hidratação parenteral (pela veia) com solução salina/eletrólitos e glicose, manutenção do jejum e esvaziamento gástrico de qualquer resíduo ou de leite ou de bário por meio de sonda gástrica.

O tratamento da EHP é a CIRURGIA (Piloromiotomia), que consiste na secção longitudinalmente da parede do Piloro, no sentido do Duodeno, expondo a sua mucosa, tomando-se o CUIDADO extremo para não lesá-la, como mostra a figura abaixo.

Apesar da cirurgia ser uma urgência, a estabilização clínica do bebê é fundamental, pois muitos recém-nascidos chegam para avaliação cirúrgica muito desidratados, emagrecidos, e com graves distúrbioc eletrolíticos, o que impede a cirurgia de imediato !

É necessário então, a compensação hemodinâmica deste bebê para que então, dentro de algumas horas ou até um período mais prolongado (12-24 horas) depois, ser devidamente operado, num centro hospitalar que esteja preparado para uma cirurgia deste porte.

A grande maioria dos bebês pode ser realimentada de 8-12 horas após a cirurgia, exceto os que ainda persistem vomitando (gastrite e esofagite), o que pode ocorrer ainda por alguns dias depois. Por isso, a re-alimentação deve ser feita gradativamente, com pequenas quatidades de leite e de preferência materno !

Complicações no pós-operatório são raras nas mãos de cirurgiões mais experientes. Se os vômitos persistitrem além de 4 ou 5 dias pode sugerir que a incisão para abrir o Piloro foi insuficiente.

Se você deseja obter mais informações, envie um e-mail para willy@drwilly.com.br.

Imagem do Piloro com sua parede muscular já seccionada e expondo a musoca duodenal, liberando a luz para passagem de alimento.